sábado, 3 de dezembro de 2011

2ª Aula

Na segunda aula assistimos e debatemos um pouco a respeito do filme The Doctor.
Neste filme, William Hurt interpreta o médico/paciente Dr. Jack que sofre de um mal: câncer nas cordas vocais. Você tem contato com um profissional admirado que se ocupa quase que unicamente de seu trabalho, tanto que sua família é “alocada” no filme – pois em uma das muitas cenas interessantes, você chega a acreditar que a esposa do Dr. Jack é apenas uma paquera “acidental” de percurso. O curioso é que o médico tem um filho com o qual tem um contato limitado: ambos parecem já não saber mais o que dizer um ao outro.
Jack é um médico solitário, egoísta e totalmente indiferente aos seus pacientes, os quais são apenas números em um papel com leitos de hospital. A doença com tudo o leva de encontro a si mesmo: na condição de paciente, ele quer ser tratado com relevante diferença, pois não se posiciona enquanto paciente e sim enquanto médico. O caso é que o médico Jack descobre como é ser apenas um número em um papel com leito num hospital onde ele trabalha há mais de dez anos.
O filme mostra uma transformação interessante: Jack se humaniza devido a sua doença porque consegue um olhar sobre si mesmo, seja através da demora de um exame ou da espera por uma resposta sobre o andamento de seu tratamento ou ainda da indiferença por parte da médica que o atende. E há ainda a jovem com um tumor no cérebro (Elizabeth Perkins) que se torna amiga de Jack – uma jovem que enfrenta seu destino com calma e tranqüilidade, mesmo estando diante do inevitável: sua morte. E mesmo sua morte sendo conseqüência da burocracia que rege o universo hospitalar, ela é dócil, amável e trata as pessoas com aprazível amorosidade, diferentemente de Jack. A presença da personagem é fundamental para mostrar ao médico que ele pode ser mais que um homem solitário e egoísta, permitindo que as pessoas estejam próximas a ele ou pelo menos percebendo que aqueles seres que habitam a sua volta: sejam estes seus pacientes, sua esposa ou seu filho – são pessoas com suas dores, angústias, temeridades, esperanças…
A cena do filme que mais me impressiona é o momento em que ele dança com June no deserto ao som da música Strange Angels – ao final, ele está ofegante e acho que pasmo diante de si mesmo. Afinal, ele finalmente se dá conta, que precisou estar doente para se permitir viver. A seguir, ele se lembra de ligar para esposa, alguém que ele manteve distante demais e que já não sabe mais como se aproximar dela. Ela sabe de tudo que acontece em sua vida através da secretária do Dr. Jack e quando ele descobre que o tratamento não está funcionando não é ela quem ele busca.

A partir desse filme podemos refletir em como o sistema de saúde e os profissionais seriam melhor, com uma qualidade superior se o atendimento fosse diferenciado e levasse em consideração a pessoa em seu todo. As vezes, como relata o filme, somos tratados apenas como uma parte do corpo que está "estragada" que deve ser "consertada", segundo o modelo mecanicista que tomou conta da ciência ao longo do tempo.


Para baixar o filme clique aqui.

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